Segundo o Auraicept na n-Éces (manuscritos medievais,
constituído de quatro livros) nos conta que o criador do Ogham foi Fénius
Farsaid. Fénius foi um rei cita que após a queda da torre de Nimrod (torre de
Babel) juntou uma comitiva de 72 estudiosos que analisaram as línguas dispersas
após a queda da torre. Depois de dez anos de investigação ele, Fénius, criou a
Bérla tóbaide “língua escolhida” a partir do que havia de melhor nas línguas
dispersas e a chamou de Goidélico. Criou também o Beithe-luis-nuin (como é
conhecido o Ogham, constituindo-se da primeira, segunda e quinta letra) como
sistema de escrita aperfeiçoado para o idioma criado. Ele nomeou cada letra a
partir do nome de seus 25 melhores estudiosos.
O Auraicept afirma que Fenius Farsaidh descobriu quatro
alfabetos, o hebraico , o grego, o latim e finalmente o Ogham, e que o Ogham é
o mais perfeito, pois foi o último a ser descoberto.
“Este é seu número: há
cinco grupos de Ogham e cada grupo tem cinco letras e cada uma delas é contada
de um a cinco e suas orientações às distinguem. Suas orientações são: à direita
da haste, à esquerda da haste, através da haste, com a haste e em torno da
haste. O Ogham é escalado como se uma árvore fosse escalada...”
Fragmento do Auraicept na n-Éces.
No tratado sobre Ogham (In Lebor Ogaim) o Ogham foi inventado por Ogma mac Elathan. Ogma é membro da Tuatha de Danann (tribo de deuses irlandeses), e era descrito como hábil no discurso e na poesia. Alguns estudiosos veem em Ogma uma faceta do deus Ogmios gaulês.
A primeira mensagem escrita em Ogham foram sete B´s em um
galho de Bétula, que foi enviado como um alerta para Lug mac Elathan, com o
seguinte significado: “a sua mulher vai ser levada sete vezes para o outro
mundo, a menos que a bétula possa protege-la.” Por esta razão, a letra B foi
associada com a Bétula.
O In Lebor Ogaim nos diz que os nomes das letras do Ogham
foram dados a partir de uma árvore ou arbusto.
“Quais são o lugar, a
época, a pessoa e a causa da invenção do Ogham? Não é difícil. Seu lugar é a
ilha da Irlanda, onde vivemos nós, os irlandeses. Na época de Bres, filho de
Elatha, rei da Irlanda, foi ele inventado. Sua pessoa (isto é, quem o inventou)
foi Ogma, filho de Delbaeth, irmão de Bres, pois Bres, Ogma e Delbaeth são ali
os três filhos de Elatha, filho de Delbaeth. Eis que Ogma, um homem bem versado
no discurso e na poesia, inventou o Ogham. A causa de sua invenção, como uma
prova de sua engenhosidade e [para] que esse discurso pertencesse ao instruído
separadamente, excluindo-se os rústicos e pastores. De onde o Ogham obteve seu
nome, de acordo com o som e a matéria, quem são o pai e a mãe do Ogham, qual é
a primeira letra que foi escrita pelo (isto é, com o) Ogham e por quê o “b”
precede toda letra?
O Ogham, de Ogma, foi inicialmente criado com
relação a seu som de acordo com a matéria. Entretanto, ogum é og-uaim,
aliteração perfeita, que os poetas aplicam à poesia por meio dele, pois pelas
letras o gaélico é medido pelos poetas. O pai do Ogham é Ogma, a mãe do Ogham é
a mão ou a faca de Ogma.”
Fragmento do Lebor Ogaim
O terceiro texto medieval que trata sobre Ogham chama-se De
dúilib feda na forfed.
Uma cópia do In Lebor Ogaim precede o Auraincept no Livro de
Ballymote, mas com variedades de outras e “secretas” formas de escrever com
Ogham.