quinta-feira, 14 de julho de 2016

Introdução

Introdução por Osvaldo R Feres



O que é Ogham?
Ogham (pronuncia-se oh-am) ou Ogam é um sistema de escrita irlandesa de 20 letras (feda = letras, singular fid). Sua origem histórica é incerta, mas acredita-se que surgiu antes do século V d.C. ao redor do Mar da Irlanda.
Há teorias que indicam que foram os druidas (sacerdotes celtas)  que criaram o Ogham para enviar mensagens secretas e mágicas, contudo, há também outra linha de estudos que sugere que o Ogham foi criado por comunidades cristãs, que tinham como base o alfabeto latino e desejavam criar um alfabeto próprio para a língua irlandesa.
A escrita Ogham foi empregada principalmente como marcas territoriais e memoriais em monumentos de pedras, escritos de baixo para cima.

Origem Mitológica
De acordo com o manuscrito do século XIV Auraicept na n-Éces o Ogham foi inventado após a queda da Torre de Babel pelo rei cita Fenius Farsa. Fenius criou o idioma perfeito, ou seja, o gaélico, a partir de diversas línguas existentes e sua escrita o Beithe-luis-nuin, isto é, o Ogham, nomeando cada letra a partir dos nomes de seus 25 companheiros.
No tratado sobre Ogham (In Lebor Ogaim) o Ogham foi inventado por Ogma mac Elathan. Ogma é membro da Tuatha de Danann (tribo de deuses irlandeses), e era descrito como hábil no discurso e na poesia. Alguns estudiosos veem em Ogma uma faceta do deus Ogmios gaulês. Neste mesmo manuscrito é dito que os nomes das letras do Ogham foram dados a partir de árvores ou arbustos.

Letras
Segundo os manuscritos medievais, é atribuída a cada letra uma árvore ou arbusto e é por isso que a partir da idade média o Ogham ficou popularmente conhecido como o alfabeto celta das árvores, porém, as origens das letras tem significados diversos e somente 6 letras possuem origem em nome de árvores. Segue abaixo o nome das letras em sua ordem original, a origem de seu nome, a árvore ou arbusto atribuído e a letra latina correspondente. (as grafias podem variar)



Feda Origem do nome Árvore/Arbusto Letra Latina
Beith Bétula Bétula B
Luis Chama/Erva Sorveira-brava L
Fearn Amieiro Amieiro F
Saille Salgueiro Salgueiro S
Nion Forquilha Freixo F
hÚath Horror/Medo Espinheiro-alvar H
Duir Carvalho Carvalho D
Tinne Lingote Azevinho T
Coll Aveleira Aveleira C
Quert Farrapo/Arbusto Macieira Q
Muin Amor/Pescoço Videira M
Gort Jardim/Campo Hera G
nGétal Ferir/Perfurar Junco/Giesta nG
Straiph Enxofre Espinheiro-negro Ss/Z
Ruis Vermelhidão Sabugueiro R
Ailm Desconhecido/Gemido? Pinheiro/Abeto A
Onn Freixo Tojo O
Ur Terra/Solo/Argila Urze U
Eadhadh Desconhecido Álamo tremedor E
Iodhadh Desconhecido/Teixo? Teixo I


Divisão
O Ogham é dividido em 4 grupos de 5 letras, esses grupos conhecidos como aicme (família, no plural aicmi) são nomeados pelas primeiras letras do grupo, ou seja, Áicme Beith, Áicme hÚath, Áicme Muin e Áicme Ailm.
Posteriormente foi adicionado mais um grupo de letras/ditongos conhecido como Forfeda.


Forfeda Origem do nome Árvore/Arbusto Ditongo
Ébhadh Desconhecido/Salmão? Álamo branco EA
Oir Ouro Hera/Evônimo europeu OI
Uilleann Cotovelo Madressilva UI
Iphín Espinho Groselha IA
Eamhancholl Gêmeo da Avelã Faia AE

Uso oracular e mágico
Acredita-se que as várias formas de escrita ogham presentes no Livro de Ballymote tenham sido utilizadas para fins mágicos, como amuletos e talismãs, e também como oráculo, para prever acontecimentos futuros ou revelar segredos.
Há uma passagem muito interessante no texto Tochmarc Étaíne (Cortejo de Etain) que sugere que o Ogham foi utilizado como oráculo: “O druida fez quatro varinhas de teixo e sobre eles escreveu Ogham. E pelas chaves de sua sabedoria poética e através do Ogham, ele revelou que Etain estava no Sídhe de Bri Leith, levada por Midir.”
É somente no século XX, através do livro de Robert Graves, A Deusa Branca, que o Ogham se populariza como oráculo entre os neo-pagãos. A partir da década de 90 do século XX, com o movimento Reconstrucionista Celta e o trabalho de Erynn Rowan Laurie, é resgatado as raízes históricas e espirituais do Ogham, afastando-se das fantasias defendidas por autores New Age.

2 comentários: