O
que é Ogham?
Ogham
(pronuncia-se oh-am) ou Ogam é um sistema de escrita irlandesa de 20
letras (feda = letras, singular fid). Sua origem histórica é
incerta, mas acredita-se que surgiu antes do século V d.C. ao redor
do Mar da Irlanda.
Há
teorias que indicam que foram os druidas (sacerdotes celtas) que criaram o Ogham para enviar mensagens secretas e mágicas, contudo, há também outra
linha de estudos que sugere que o Ogham foi criado por comunidades
cristãs, que tinham como base o alfabeto latino e desejavam criar um
alfabeto próprio para a língua irlandesa.
A
escrita Ogham foi empregada principalmente como marcas territoriais e
memoriais em monumentos de pedras, escritos de baixo para cima.
Origem
Mitológica
De
acordo com o manuscrito do século XIV Auraicept na n-Éces o Ogham
foi inventado após a queda da Torre de Babel pelo rei cita Fenius
Farsa. Fenius criou o idioma perfeito, ou seja, o gaélico, a partir
de diversas línguas existentes e sua escrita o Beithe-luis-nuin,
isto é, o Ogham, nomeando cada letra a partir dos nomes de seus 25
companheiros.
No
tratado sobre Ogham (In Lebor Ogaim) o Ogham foi inventado por Ogma
mac Elathan. Ogma é membro da Tuatha de Danann (tribo de deuses
irlandeses), e era descrito como hábil no discurso e na poesia.
Alguns estudiosos veem em Ogma uma faceta do deus Ogmios gaulês.
Neste mesmo manuscrito é dito que os nomes das letras do Ogham foram
dados a partir de árvores ou arbustos.
Letras
Segundo os manuscritos medievais, é atribuída a cada letra uma árvore ou arbusto e é por isso que a partir da idade média o
Ogham ficou popularmente conhecido como o alfabeto celta das árvores,
porém, as origens das letras tem significados diversos e somente 6
letras possuem origem em nome de árvores. Segue abaixo o nome das letras
em sua ordem original, a origem de seu nome, a árvore ou arbusto atribuído e a
letra latina correspondente. (as grafias podem variar)
Feda | Origem do nome | Árvore/Arbusto | Letra Latina |
Beith | Bétula | Bétula | B |
Luis | Chama/Erva | Sorveira-brava | L |
Fearn | Amieiro | Amieiro | F |
Saille | Salgueiro | Salgueiro | S |
Nion | Forquilha | Freixo | F |
hÚath | Horror/Medo | Espinheiro-alvar | H |
Duir | Carvalho | Carvalho | D |
Tinne | Lingote | Azevinho | T |
Coll | Aveleira | Aveleira | C |
Quert | Farrapo/Arbusto | Macieira | Q |
Muin | Amor/Pescoço | Videira | M |
Gort | Jardim/Campo | Hera | G |
nGétal | Ferir/Perfurar | Junco/Giesta | nG |
Straiph | Enxofre | Espinheiro-negro | Ss/Z |
Ruis | Vermelhidão | Sabugueiro | R |
Ailm | Desconhecido/Gemido? | Pinheiro/Abeto | A |
Onn | Freixo | Tojo | O |
Ur | Terra/Solo/Argila | Urze | U |
Eadhadh | Desconhecido | Álamo tremedor | E |
Iodhadh | Desconhecido/Teixo? | Teixo | I |
Divisão
O
Ogham é dividido em 4 grupos de 5 letras, esses grupos conhecidos
como aicme (família, no plural aicmi) são nomeados pelas primeiras
letras do grupo, ou seja, Áicme Beith, Áicme hÚath, Áicme Muin e
Áicme Ailm.
Posteriormente
foi adicionado mais um grupo de letras/ditongos conhecido como
Forfeda.
Forfeda | Origem do nome | Árvore/Arbusto | Ditongo |
Ébhadh | Desconhecido/Salmão? | Álamo branco | EA |
Oir | Ouro | Hera/Evônimo europeu | OI |
Uilleann | Cotovelo | Madressilva | UI |
Iphín | Espinho | Groselha | IA |
Eamhancholl | Gêmeo da Avelã | Faia | AE |
Uso
oracular e mágico
Acredita-se
que as várias formas de escrita ogham presentes no Livro de
Ballymote tenham sido utilizadas para fins mágicos, como amuletos e
talismãs, e também como oráculo, para prever acontecimentos
futuros ou revelar segredos.
Há
uma passagem muito interessante no texto Tochmarc Étaíne (Cortejo
de Etain) que sugere que o Ogham foi utilizado como oráculo: “O
druida fez quatro varinhas de teixo e sobre eles escreveu Ogham. E
pelas chaves de sua sabedoria poética e através do Ogham, ele
revelou que Etain estava no Sídhe de Bri Leith, levada por Midir.”
É
somente no século XX, através do livro de Robert Graves, A Deusa
Branca, que o Ogham se populariza como oráculo entre os neo-pagãos.
A partir da década de 90 do século XX, com o movimento
Reconstrucionista Celta e o trabalho de Erynn Rowan Laurie, é
resgatado as raízes históricas e espirituais do Ogham, afastando-se
das fantasias defendidas por autores New Age.