Beith por Osvaldo R Feres
Beith é a primeira letra do
alfabeto Ogham e está associado à Bétula.
Na mitologia gaélica, Ogma, o
criador do Ogham, gravou sete vezes a letra Beith em um ramo de
bétula como mensagem ao deus Lugh, avisando-o que sua esposa,
Ethliu, seria raptada ao mundo das Fadas “tua esposa será sete
vezes levada de ti para o País das Fadas, a menos que a bétula
proteja-a.” portanto, beith é uma letra que denota um aviso que
está para chegar, um alerta ou uma mensagem.
A
Palavra Ogham de Morann Mac Main diz: “Tronco rugoso e cabelos
finos” e a Palavra Ogham de Mac ind Óic diz: “A mais prateada
das peles”. Essas palavras fazem referência ao Sídhe, ou seja, o
País das Fadas e seus habitantes etéricos. O Ramo de Prata, uma
referência ao galho da bétula, está associado ao deus dos mares e
névoas Manannan Mac Lir, normalmente esse ramo é descrito como de
macieira, pois em sua ponta há maçãs douradas e daria acesso ao
Outro Mundo dos celtas, mas, como vimos a bétula é descrita como a
árvore prateada.
A cor
associada ao fíd Beith é Bán, ou seja, branco e representa a
pureza, a divindade e a purificação. Na mitologia celta a cor
branca estava associada aos deuses e fadas, sendo que a palavra Finn
em gaélico e Gwen em galês significa tanto branco como divino e
encontramos essas palavras em nomes de algumas divindades e heróis
celtas.
Como beith
está associada à purificação, não podemos deixar de citar o
festival celta da purificação, o Imbolc. Esse festival, que
acontece no dia 01 de Fevereiro, marca o início da Primavera e seu
correspondente galês é Gŵyl
Fair y Canhwyllau (festa das velas de Maria). É um festival em honra
à deusa ou santa Brighid, onde o fogo, símbolo da deusa, e a
purificação tinham papel importante nos rituais. Uma possível
origem da palavra Imbolc seria “limpar, purificar” e era também
o período da lactação das ovelhas e vacas, sendo que o leite era
um elemento associado à purificação, talvez por sua cor branca.
A
deusa Brighid, talvez uma das mais importantes do panteão celta
irlandês, é filha do Dagda, o Bom Deus, e é a deusa patrona da
poesia, medicina e artes em geral, acredita-se que sua correspondente
seja a deusa galo-romana Brigantia, adorada na Britânia, Gália e
Celtibéria. Seu nome advêm de um radical proto indo-europeu que
significa “A Elevada” e talvez seja a mesma deusa que César
chama de Minerva, associada às artes. Segundo o Glossário de
Cormac, Brighid é “a deusa em que os poetas adoram” e possuía
duas irmãs, a ferreira e a curandeira, todas essas funções estão
associadas ao poder positivo do fogo, ou seja, o fogo da cabeça que
concede a inspiração aos poetas, o fogo da purificação que traz a
cura e o fogo da forja que transforma e cria.
S. Bridget por John Duncan
Na
Escócia, a cruz de Brighid, um símbolo do fogo, era confeccionada
com ramos de bétula. Também era costume utilizar uma vassoura das
folhas de bétula para limpeza ritual e sua madeira era comumente
utilizada para rituais de proteção e exorcismo. O bosque de bétulas
era a morada do duende escocês Ghillie Dhu.
Segundo
o Bardo Taliesin, em seu poema A Batalha das Árvores, a Bétula é
descrita da seguinte forma:
A
Bétula, apesar de sua mente elevada,
Atrasou-se
antes que ele (o tojo) fosse enfileirado.
Não
por causa de sua covardia,
Mas
por causa de sua grandeza.
Bosque de Bétulas
Significado
oracular:
Beith, o primeiro fíd, significa purificação, limpeza, novidades,
notícias, mensagens, alertas, eloquência e livrar-se do que é
velho e o impede de prosseguir. É o renascimento e o recomeço de
uma situação, denota um novo projeto ou uma nova fase na vida do
consultante.
Quando
esse fíd sai em uma jogada pode significar um período de provação,
dor ou sofrimento, pois, isso faz parte do processo de purificação
que o consultante está por passar. O desafio é sair da zona de
conforto e abraçar o novo.
Em
uma visão mais esotérica, representa contatos com Fadas e seres
divinos, assim como, mensagens do Outro Mundo. Não é descartado a
possibilidade de perigo envolvendo o Sídhe, pois é um fíd de
alerta e atenção. Também representa a chegada da primavera e o
florescer de uma nova fase.
Referências
bibliográficas:
Livros:
BARROS,
Maria Nazareth Alvim de. Uma luz sobre Avalon, celtas &
druidas. Editora Mercuryo, 1994.
CHEVALIER,
Jean; GHEERBRANT, Alain. Dicionário de Símbolos.
Editora José Olympio, 2012.
GRAVES,
Robert. A Deusa Branca: Uma
gramática histórica do Mito Poético. Editora Bertrand Brasil,
2003.
KELLY,
Michael. The Book of Ogham.
Ebook edition: CreateSpace Independent Publishing Platform, 2014.
KONDRATIEV,
Alexei. Rituales Celtas. Editorial Kier, 2001.
LAURIE,
Erynn Rowan. Ogam: Weaving Word Wisdom. Megalithica Books,
2007.
MARKALE,
Jean. Merlim, o Mago. Editora
Paz e Terra, 1989.
MATSON,
Gienna; ROBERTS, Jeremy. Celtic Mythology A to Z.
Chelsea House, 2010.
MATTHEWS,
John. À mesa do Santo Graal. Edições
Siciliano, 1989.
MATTHEWS,
John. Xamanismo Celta.
Hi-Brasil Editora, 2002.
MONAGHAN,
Patricia. The Encyclopedia of Celtic Mythology and Folkore.
Facts On File, 2004.
MUELLER,
Mickie. Voice of the Trees.
Llewellyn Publications, 2011.
MURRAY,
Liz e Colin. The Celtic Tree Oracle, a system of
divination. Connections Book
Publishing, 2014.
RUTHERFORD,
Ward. Os Druidas. Editora
Mercuryo, 1994.
SQUIRE,
Charles. Mitos e Lendas Celtas.
Editora Record, 2003.
Sites:
http://www.maryjones.us/ctexts/ogham.html
http://www.maryjones.us/jce/jce_index.html
Nenhum comentário:
Postar um comentário