Luis por Osvaldo R Feres
Luis é a segunda letra do
alfabeto Ogham e está associada à Sorveira.
A
origem da palavra Luis pode vir de luise “chama” ou lus “erva”
e tem a mesma raiz proto-indo-européia de leuk “luz”. A chama,
como vimos, é um dos símbolos da inspiração poética na mitologia
celta.
O
nome do deus Lugh, talvez tenha a mesma origem etimológica do fíd
Luis, que significa “luz”, porém, alguns estudiosos sugerem que
a origem do nome desse deus signifique “juramento”, pois seu
correlato gaulês, Lugus, foi identificado pelos romanos com
Mercúrio, o deus romano dos juramentos.
Durante
muitos anos acreditava-se que Lugh, o deus associado ao fíd Luis,
seria uma divindade solar, atualmente acredita-se que este deus,
muito importante na mitologia gaélica, está relacionado à luz dos
raios e relâmpagos, pois Lugh carrega a sua famosa lança, símbolo
dos raios e tempestades. O equivalente galês de Lugh é Lleu Llaw
Gyffes, uma divindade caracteristicamente solar, portanto, não
descarto totalmente a ligação de Lugh com o sol, como veremos a
seguir.
Lugh
é filho de Ethiniu e Cian, e neto de Balor, por parte de mãe. Balor
foi um rei Fomoriano, (os Fomorianos eram uma antiga raça de
gigantes, inimigos dos Tuatha de Danann, os deuses irlandeses)
descrito como um gigante com apenas um olho no meio da testa, capaz
de matar a quem ele olhasse. Na lenda, Balor ouve uma profecia em que
seria morto por seu neto, assim, trancafia sua única filha em uma
torre para evitar que ela conheça algum homem que a engravide. Cian,
um dos Tuatha de Danann, procurando por uma vaca mágica roubada por
Balor, descobre Ethiniu na torre, se apaixona por ela e a engravida.
Ethiniu concebe três filhos e Balor afoga dois de seus netos no mar,
mas o terceiro, Lugh, é salvo pelo deus dos mares Manannan.
Posteriormente Lugh torna-se um rei Tuatha de Danann e os lidera na
segunda Batalha de Mag Tuired contra os Fomorianos, que são
liderados por Balor, o do olho mau. Lugh mata Balor, atirando uma
lança em seu olho mau, que volta-se para sua nuca pela força da
lança, matando o exército Fomoriano que estava posicionado atrás
de seu rei.
Simbolicamente,
Balor, o do olho mau, representa as forças destrutivas do sol, a
seca e morte, e Lugh, por sua vez, representa a energia dos raios e
tempestades, simbolizado por sua lança, que abranda os aspectos
negativos do olho do sol, tornando a estação favorável para o
plantio. Portanto, Lugh representa, não somente a tempestade e os
raios como, também, as energias positivas e férteis do sol, que
propiciam o desenvolvimento da agricultura.
Não
é a primeira vez, na mitologia celta, que o sol é comparado ao olho
do céu, como vemos na origem do nome da deusa britânica das águas
termais, Sulis, que pode significar tanto “sol” como “olho”
ou “visão” e tem um interessante paralelo com o fíd Luis, pois
na Palavra Ogham de Morann Mac Mainn, refere-se à Luis como: “Luz
dos olhos, a chama”.
Outro
aspecto importante da letra Luis é sua ligação com o gado e as
ervas. A Palavra Ogham de Mac ind Óic diz, referindo-se à Luis:
“Amigo do gado, querido do gado é a Sorveira por sua eflorescência
e penugem” e na Palavra Ogham de Cu Culainn “Sustento do gado”.
Sua ligação com o gado é explicita e significa simbolicamente a
riqueza, pois o gado, animal muito importante da mitologia celta, é
o símbolo máximo da prosperidade, do alimento e do sustento, e
servia, muitas vezes, como moeda de troca entre tribos celtas.
O
roubo do gado é um dos temas mais frequentes na mitologia celta e o
texto mais famoso sobre esse assunto é o Tain Bó Cuailnge (O Roubo
do Gado de Cooley). Como o gado representa a riqueza e o poder,
talvez esses roubos eram uma forma de rito de passagem para jovens
guerreiros, com a finalidade de adquirir fama e reconhecimento.
No
festival de Beltane, que acontece no primeiro dia de Maio e marcava o
incio do verão, o gado era solto nos pastos e os antigos druidas
conduziam esses animais por duas grandes fogueiras encantadas, para
protegê-los de doenças.
Os
ramos de Sorveira eram utilizados em encantamentos de proteção do
gado, para afastar seres mágicos, proteger-se contra magia e suas
bagas vermelhas, que nos remetem ao fogo, também eram utilizadas em
contrafeitiços. Na Escócia era proibido utilizar a madeira da
sorveira para qualquer fim que não seja para ritos sagrados.
Na
Batalha das Árvores de Taliesin, a Sorveira é assim descrita:
O
Salgueiro e as Sorveiras
chegaram
tarde em seus postos.
Significado
oracular:
Luis, o segundo fíd, significa riqueza, fertilidade, sustento, ganhos,
prosperidade, alimento, dinheiro, vidência, proteção, inspiração,
soluções, animais e a cura de enfermidades. Representa todos os
ganhos materiais, posses e bens do consultante.
Em
seu aspecto negativo Luis significa ataques psíquicos e estagnação
financeira, o momento pede que o consultante proteja-se de energias
nefastas que estão a caminho.
Em
uma visão mais esotérica, esse fíd simboliza a vidência, ou seja,
o olho do sol que tudo vê, assim como a capacidade poética e a
inspiração divina, provinda do fogo sagrado, presente no centro dos
rituais druídicos como um dos elementos primordiais, ao lado da
água.
Referências bibliográficas:
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Sites:
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